domingo, 15 de setembro de 2013

Cresce busca por instrução sexual entre chinesas

15/09/2013-03h15
DA REUTERS, EM XANGAI
 
Em um hotel de três estrelas no centro de Xangai, Ma Li dá aulas a pequenos grupos de mulheres chinesas sobre um assunto tradicionalmente reprimido: o sexo.
Os cursos de dois dias de duração não são baratos --2,5 mil yuan (R$ 930), mais que a metade do salário mensal médio em Xangai. Mas um número crescente de mulheres vem acompanhando as aulas de Ma e sessões semelhantes em outras cidades, a fim de aprender sobre anatomia, psicologia e técnicas de uso íntimo.
Ma, que tem certificação da Associação Mundial de Instrutores Sexuais, dos EUA, favorece uma abordagem franca, a fim de encorajar a confiança. As lições incluem vídeos explícitos de sexo oral e frutas de formato apropriado para instrução prática.
A atitude conservadora da China com relação ao sexo, promovida pelo Partido Comunista desde que este tomou o poder em 1949, vem mudando lentamente com a popularização das viagens ao exterior e da exposição à cultura popular internacional.
"Em grandes cidades chinesas, as mulheres são influenciadas pela cultura ocidental, taiwanesa e coreana, por isso têm atitudes modernas quanto ao sexo", diz Jay Zheng, professor de ginecologia na Universidade Médica de Kaohsiung (Taiwan). "Mas, nas áreas rurais, as mulheres não sabem coisa alguma."
A falta de conhecimento deriva em parte da presença precária da educação sexual no currículo das escolas.
Em 2011, um casal da cidade de Wuhan ganhou espaço no noticiário por acreditar --pelos três primeiros anos de seu casamento-- que bastava dormirem lado a lado para que a mulher engravidasse.
"Na China, as escolas se concentram nas notas. Por isso, temas que não serão testados em exames muitas vezes são substituídos por outros que permitem melhorar as médias", disse Maggie Hu, que trabalha para uma companhia de educação sexual em Guangzhou.
As mulheres que assistem às aulas de Ma vêm de toda a China e têm antecedentes variados. Algumas são universitárias de 20 e poucos anos que querem se preparar para sua primeira experiência sexual. Outras são divorciadas de meia-idade que procuram reconquistar a confiança.
"Uma de minhas alunas disse que sua mãe lhe dizia que sexo era como levar um tiro", conta Ma. "Muita gente cresce achando que sexo é perigoso ou vergonhoso".
Tradução de PAULO MIGLIACCI