quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Veja 8 dicas para ter um relacionamento aberto, sadio e honesto

26 de Dezembro de 2012 19h37 atualizado às 19h39

Estudos mostram que entre 30% e 60% dos indivíduos casados nos Estados Unidos terão um caso fora do casamento em algum momento da vida. A infidelidade tem aumentado significativamente entre casais na faixa dos 20 anos, como informou o Wall Street Journal ."Entre 1991 e 2006, o número de esposas infiéis com menos de 30 anos aumentou em 20% e o de maridos 45%. As informações são do site YourTango.

Mesmo sem saber os números exatos, a maioria das pessoas sabe da frequência das traições entre casais. Quem não foi traído já traiu ou conhece alguém que já enfrentou a situação: ou seja, a monogamia não funciona muito bem para os humanos. Pensando nisso, alguns casais fazem acordos de pequenas exceções de fidelidade sexual ou que possibilite mais liberdade, sem que seja preciso mentir. No acerto, há uma coisa que não pode ser quebrada: a honestidade.

Um estudo feito pela Sociedade Internacional de Medicina Sexual mostra que "as pessoas infiéis são menos propensas a praticar sexo seguro do que as que vivem em um relacionamento aberto” e sugere que os casais liberais ficam menos com outros parceiros do que os tradicionais. Mas como manter um relacionamento sadio e honesto? Veja algumas dicas reunidas pelo site, que indicam pistas para fortalecer a vida a dois e manter ambos menos propensos a crescerem separados.

Mantenha as amizades: seus amigos trazem diferentes aspectos de sua personalidade, e essas relações ajudam você a não se perder no relacionamento. Bons amigos também oferecem atributos diversos às nossas vidas e podem dar apoio nos momentos difíceis; além de ajudarem a amenizar a pressão que depositamos em apenas uma pessoa ao nos relacionarmos.

Expanda o seu mundo: faça novos amigos e tente coisas novas. Uma pesquisa mostrou que ter um número considerável de amigos íntimos acrescenta anos à sua vida. Quando a pessoa fecha seu mundo para acomodar o outro, a relação sofre. Experimente novas atividades em conjunto com ele também, e esteja aberta aos interesses de cada um.

Continue sendo a pessoa que você era antes de começar a se relacionar: quando você desiste de aspectos próprios, deixa de ser a pessoa que conquistou o parceiro. Ao se moldar de acordo com ele, perde a vitalidade e prejudica a vida a dois.

Permita ao parceiro manter amigos (independentemente do sexo): ao restringir o movimento do seu parceiro, ele vai começar a se ressentir e pode perder o interesse na relação. Seu parceiro precisa manter os amigos pelas mesmas razões que você também tem essa necessidade.

Não minta nem omita: significa não se envolver em atividades com outros homens ou mulheres que não esteja disposta a contar ao parceiro. A verdade é a melhor escolha nessas situações. Quando as pessoas descobrem que foram enganadas por alguém querido, perdem a confiança.

Não fale sobre problemas de relacionamento com um affair: usar alguém que não é imparcial como confidente é imprudente e pode distanciar você do seu parceiro. Afinal, o interesse por essa outra pessoa pode intensificar as suas mágoas atuais.

Não cause ciúmes: esta é uma forma de manipulação. Mesmo que chame a atenção do parceiro, ele não vai gostar e pode, aos poucos, perder o interesse.

Não crie falsas expectativas em outras pessoas que possam estar interessadas emocionalmente em você: seja clara sobre seus limites. Se você quer apenas se divertir, expectativas podem levar o seu parceiro verdadeiro a sentir insegurança caso o affair comece a mandar flores e fazer declarações.

 

domingo, 9 de dezembro de 2012

"Ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa", diz psicanalista

Vladimir Maluf
Do UOL, em São Paulo  

Você sente calafrios só de pensar que não tem domínio sobre a vida sexual do seu parceiro ou parceira? Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico.

"É comum alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado", afirma ela, que lançou recentemente "O Livro do amor" (Ed. Best Seller). Dividida em dois volumes ("Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"), a obra traz a trajetória do amor e do sexo no Ocidente da Pré-História ao século 21 e exigiu cinco anos de pesquisas.

Regina, que é consultora do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: "Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem", diz ela. Leia a entrevista concedida pela psicanalista ao UOL Comportamento.

UOL Comportamento: Na sua pesquisa para escrever "O Livro do Amor", o que você encontrou de mais bonito e de mais feio sobre o amor?
Regina Navarro Lins: Embora "O Livro do Amor" não trate do amor pela humanidade, e sim do amor que pode existir entre um homem e uma mulher, ou entre dois homens ou duas mulheres, a primeira manifestação de amor humano é muito interessante. Ela ocorreu há aproximadamente 50 mil anos, quando passaram a enterrar os mortos –coisa que não ocorria até então– e a ornamentar os túmulos com flores. O que encontrei de mais feio no amor foi a opressão da mulher e a repressão da sexualidade.
UOL Comportamento: Como você imagina a humanidade na segunda metade deste século?
Regina: Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.
UOL Comportamento: Você fala sobre as mentiras do amor romântico. Quais são elas?
Regina: O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. O amor romântico, que só entrou no casamento a partir do século 20, e pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.
Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro (é por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar); que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém.
 
UOL Comportamento: Por que você diz que o amor romântico está dando sinais de sair de cena?
Regina: A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.

O amor romântico propõe o oposto disso, pois prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser atraente. Ao sair de cena está levando sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de cada vez.
UOL Comportamento: E como fica o casamento?
Regina: É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado.
UOL Comportamento: Só de pensar na possibilidade de ter um relacionamento em que a monogamia não é uma regra, muitos casais têm calafrios. Por que?
Regina: Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. W.Reich [psicanalista austríaco] afirma que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual.

Pesquisando o que estudiosos do tema pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois. Não li em quase nenhum lugar o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas gostam de variar. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.
A exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for "sim" para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas.